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O iPhone 4S finalmente chegou ao Brasil, e isso poderia ter sido sinônimo de "alegria" para a maioria dos geeks
brasileiros. Porém, a maioria se mostrou frustrada, e até envergonhada,
ao ver os preços dos novos modelos divulgados pela imprensa. Mais uma
vez, o lançamento da Apple no Brasil chegou com um preço proibitivo para
a maioria das pessoas, colocando o nosso país em destaques negativos na
imprensa internacional.
Não é novidade
para ninguém que os produtos Apple no Brasil são caros e que os
impostos aplicados aos produtos não ajudam em nada (pelo contrário, só
atrapalham). Mas, será que é só isso? Há muitos outros fatores
envolvidos na arte de “encarecer” um iPhone que a sua calculadora não
pode registrar. Por você entender, apontaremos alguns motivos (ou
culpados) que fazem com que o Brasil receba o amargo título de "o país
do iPhone mais caro do mundo".
1. Os impostos
Esse velho companheiro do cotidiano brasileiro é o primeiro responsável
pelo encarecimento do iPhone no país. Só no estado de São Paulo, o total
de impostos incididos no iPhone 4S é de 46.76%. Esse valor pode variar
de acordo com a região do país, pois o ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) pode variar entre 7% e 18%. Além disso, existe a
cobrança de PIS (Programa de Integração Social), de 1.65%; do COFINS
(Contribuição para O Financiamento da Seguridade Social), de 7.6%; do
IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados), de 10%; e outros impostos diversos, como INSS, FGTS,
Imposto de Renda, contribuição ao Senai, dentre outros, que somados
equivalem a 9.51%.
Resumindo: quase metade do valor pago em um iPhone são impostos. Essa
carga tributária seria “justa” (nenhum país paga mais impostos que o
Brasil) se tais cobranças se convertessem em melhorias. Mas o fato é
que, se ao menos os impostos de ICMS e IPI, que são os mais elevados,
fossem retirados do iPhone, o modelo mais básico da versão 4S poderia
ter uma considerável queda de preço, saindo dos R$ 1.899 atuais (preço
ofertado pela TIM) para algo em torno de R$ 1.350.
2. O “Hype” do produto
O iPhone é o objeto de desejo da maioria dos usuários brasileiros, e o
brasileiro não só deseja, como compra o iPhone. Para aqueles que se
lembram, na ocasião do lançamento do iPhone 4, o produto teve os seus
primeiros estoques esgotados rapidamente, com uma nova remessa sendo
enviada somente depois de semanas. Se a tendência se repetir, deve
acontecer a mesma coisa com o lançamento do iPhone 4S: mesmo sendo caro,
a procura será grande, e os estoques iniciais se esgotarão em poucos
dias.
O que isso quer dizer? Grande procura + pouca oferta = produto valorizado = alto preço.
A tática é velha mas ainda funciona. Ofertar poucas unidades de um
produto muito desejado pelo consumidor aumenta o potencial “hype” que o
produto possui, valorizando-o no mercado. A estratégia vem funcionando
ao longo dos lançamentos de novos iPhones. Porém, chegamos a um ponto
onde o consumidor brasileiro não consegue aceitar com facilidade o fato
de um smartphone considerado “popular” nos Estados Unidos ser um dos
produtos mais caros do mundo, apenas porque é um dos mais desejados
pelos usuários.
3. A Apple
Durante anos, a Apple não deu a devida atenção ao mercado brasileiro,
mesmo sendo um dos mais promissores mercados de telefonia móvel do
mundo, e de vivermos em um dos países com economia mais estável em
tempos de crise. O argumento da empresa de Cupertino era convincente e
até válido: “os impostos cobrados afastam a Apple do Brasil”, disse
Steve Jobs em algumas ocasiões, quando questionado sobre suas
iniciativas no país. Mas não é só isso.
Ao longo dos anos, a Apple observou que suas principais concorrentes no
mercado mobile (como Samsung e Motorola) diminuíram a janela de
lançamentos no Brasil com seus smartphones, apresentando modelos de
preços elevados, mas propostas tão interessantes quanto as apresentadas
pelo iPhone. E, mesmo com os preços dos seus produtos sendo
“internacionalmente tabelados”, a Apple nunca se importou em ter um
plano efetivo de comercialização de seus produtos no país.
O movimento das concorrentes fez com que a Apple acordasse para o
mercado brasileiro. Além disso, o fato de o país resistir de forma mais
estável aos efeitos de duas crises econômicas mundiais faz com que a
empresa invista mais no Brasil. Agora, temos a iTunes Store Brasil, a
fábrica da Foxconn em Jundiaí, e até o iPhone vendido em sua Apple
Store, desbloqueado. Isso mostra que a Apple mudou seu foco, dando ao
Brasil um status próximo ao recebido pelos seus principais mercados
mundiais.
Mas, durante anos ficamos relegados como “o país da terceira leva de
lançamentos”. Com o iPhone 4S ainda foi assim. E essa postura ajudou a
encarecer o iPhone no país.
4. As operadoras
Os preços divulgados pelas operadoras receberam destaque negativo em
vários veículos de tecnologia ao redor do planeta. O site The Next Web
fez uma análise detalhada e realista da estratégia praticada pelas
operadoras para promover o lançamento do iPhone 4S no Brasil, e pontuou o
“desespero” das operadoras em convencer o consumidor de que vale a pena
a aquisição do novo smartphone como presente de Natal.
Porém, mesmo com todas as contas feitas, fica difícil saber como as
operadoras chegaram aos preços estipulados. Os valores variam entre R$
1.900 e R$ 2.700 (dependendo do modelo e da operadora). Comprar um
iPhone no Brasil é mais do que um investimento: é uma experiência
abusivamente cara. Mesmo as ofertas adotadas com planos de voz e dados, é
inconcebível que, ao final de um ano, você pague outro iPhone em
valores acumulados.
Há quem argumente que o iPhone só é barato nos Estados Unidos por causa
do contrato de permanência mínimo de 2 anos com as operadoras. Porém,
vale registrar que as três operadoras norte-americanas que oferecem o
smartphone da Apple nos EUA (Sprint, AT&T e Verizon) oferecem
inúmeras vantagens aos seus clientes para que utilizem o smartphone com
todo o seu potencial, com ofertas de mensagens SMS, dados e voz
ilimitados. Algumas operadoras brasileiras estão parcelando o valor do
iPhone na conta do plano de voz e dados, mas isso não é nem próximo a
ter que pagar uma oferta de US$ 399 pelo modelo de 64 GB (ou R$ 742.14,
com o dólar a R$ 1.86) uma única vez, e só ter que pagar pelo plano da
operadora no restante do contrato vigente.
Por fim, ficamos com o desejo que um dia as coisas mudem. Esperamos por
preços mais justos e competitivos, ofertas melhores para adquirir os
produtos que desejamos, e serviços melhores por parte dos envolvidos.
Mesmo que isso demore mais algumas gerações de novos iPhones.
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