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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O espinhoso caminho do PlayStation Vita



Faltando pouco mais de um mês para seu lançamento, o PlayStation Vita já é um dos aparelhos mais desejados deste início de ano. Agendado para chegar às lojas no próximo dia 22 de fevereiro, o novo portátil da Sony empolga os gamers do mundo inteiro por conta de seu hardware que promete deixar todos os rivais comendo poeira.
Contudo, um “video game de bolso de alto desempenho” é o suficiente para fazer com que o aparelho seja um sucesso de vendas? É impossível negar que seu potencial é realmente impressionante — como bem pude ver quando o testei —, mas isso é apenas um dos pesos na balança que determinará se o Vita será um pequeno notável ou apenas mais um portátil com síndrome de grandeza.
As pedras no meio do caminhoGrandes obstáculos para um pequeno consoleNão quero ser pessimista, mas é inegável que, por trás das propagandas e de promessas de revolução da Sony, o Vita terá um caminho bastante delicado a seguir. Os jogadores que não se deixaram cegar pelas promessas feitas já perceberam isso, principalmente após a decepção que foi o lançamento do Nintendo 3DS. E sejamos francos: os números iniciais do aparelho no Japão não são muito animadores.

Sendo assim, vou bancar o “Arauto do Mau Agouro” e apontar alguns motivos pelos quais o Vita vai tropeçar nas mesmas pedras de seu rival.
Atenção: é claro que tudo isso não passa de especulação, já que o aparelho só chega ao Ocidente em fevereiro e não sabemos como o mercado vai reagir quanto a isso — mas nada nos impede de tentar imaginar.
O preço que dói no bolso
Embora os US$ 250 do modelo básico do PlayStation Vita e os US$ 300 do 3G estejam bem abaixo do que muita gente esperava, esses preços continuam salgados para um portátil. Levando em consideração que há consoles de mesa sendo vendidos abaixo disso nos Estados Unidos, a fabricante certamente vai enfrentar resistência do jogador norte-americano quanto a isso.

Basta lembrar que o 3DS começou a ser vendido a esse preço e a Nintendo se viu obrigada a reduzir consideravelmente o valor para aumentar o número de vendas. Ao insistir com os US$ 250, as chances de a Sony se ver diante do mesmo problema são grandes. No Japão, lojistas já começaram a diminuir o custo para atrair novos clientes.
Para o Brasil, isso tende a ser ainda pior, já que dificilmente o custo de R$ 460 e R$ 500 pelos modelos Wi-Fi e 3G, respectivamente, será repassado ao consumidor (compraria sem pensar duas vezes se achasse um Vita por esse preço). Como já é tradição no país, podemos esperar a edição mais simples beirando os quatro dígitos (ou ultrapassando-os), o que nem mesmo suaves prestações em seu cartão de crédito vão conseguir amenizar.
A infinidade de acessórios
Pegando carona no problema do preço, o sucesso do Vita se enrosca em uma estratégia bastante questionável da Sony: obrigar o jogador a adquirir vários acessórios para conseguir aproveitar o mínimo que o portátil tem a oferecer.
Como o aparelho não possui memória interna, é preciso que um pequeno cartão esteja presente para que os dados sejam armazenados. Contudo, a empresa optou por trazer um formato proprietário, ou seja, não adianta pegar o Memory Stick de seu PSP ou comprar um modelo genérico e mais barato, pois somente os modelos oferecidos pela fabricante serão aceitos no console.
Para ter uma ideia, o dispositivo de 4 GB será vendido lá fora por US$ 29, enquanto o de 32 GB sai por US$ 119 (cerca de R$ 53 e R$ 219, respectivamente), o que acaba sendo um gasto a mais na hora de adquirir um portátil. Levando em consideração que você vai usá-lo tanto para salvar seus games quanto para armazenar suas compras na PSN, saiba que será preciso um espaço consideravelmente grande.
O pior é que você não tem nem a opção de deixar para depois, pois muitos jogos exigem o cartão para funcionar, como o aguardado Uncharted: Golden Abyss. Agora coloque tudo na ponta do lápis e veja o rombo no orçamento.
O desafio dos primeiros jogos
Uma das principais promessas da Sony é trazer, logo de início, uma lista de grandes jogos para fazer com que o PlayStation Vita caia no gosto do público. De fato, a empresa divulgou uma boa dezena de games, mas quais são fortes o suficiente para fazer alguém comprar o console?
Não é preciso nem se esforçar muito para perceber isso. Com exceção do novo Uncharted, qual outro jogo vai motivá-lo a adquirir o sucessor do PSP? LittleBigPlanet e ModNation Racers são franquias fortes, mas não o suficiente para fazer alguém correr até a loja mais próxima. Já os demais títulos são voltados a diferentes nichos, mas dificilmente irão colaborar com as vendas do Vita.
É claro que há outros jogos anunciados, mas todos serão lançados futuramente e não são de grande serventia nos primeiros passos do portátil. Lembra-se de Kid Icarus: Uprising? O retorno de Pit foi apresentado juntamente com o 3DS, mas até agora ele não chegou às prateleiras.
Retrocompatibilidade
Olhe bem para sua biblioteca de jogos para PSP. Agora diga adeus. Apesar de ter um hardware fantástico, o PS Vita não terá suporte aos games de seu antecessor. Como ele usa um novo formato de cartão, não há uma entrada para seus antigos UMDs, o que significa que eles ficarão acumulando poeira em sua estante.
A Sony até prometeu uma forma de fazer com que títulos do PlayStation Portable rodem no novo portátil, mas isso será feito por meio da PSN, ou seja, voltamos ao problema do dispositivo de armazenamento. Isso sem falar da possibilidade de que será preciso pagar para ter acesso a esse conteúdo.
Os temíveis smartphones
Apesar de não ser um problema exclusivo do Vita, a Sony terá de enfrentar um concorrente muito mais duro que o Nintendo 3DS para sobreviver. Os smartphones já incomodam a indústria portátil há algum tempo e não vai ser agora que a situação vai mudar de uma hora para a outra.

Isso porque os celulares disputam a atenção do público que procura um dispositivo no qual possa jogar e que consegue, em muitos aspectos, ser mais atraente que os próprios consoles. Além de serem vendidos a preços semelhantes, eles possuem quase as mesmas funções — acesso à internet e conexão com redes sociais, por exemplo —, o que faz deles verdadeiros “tudo em um”. Por que andar com telefone e um video game quando você pode ter tudo em um smartphone?
Isso sem falar que o preço de jogos mobile é consideravelmente menor do que de um portátil. Enquanto o Vita venderá seus títulos entre US$ 30 e US$ 50 (R$ 55 e R$ 92 no câmbio atual), AppStore e Android Market oferecem-nos a partir de US$ 1 (R$ 1,85). Para piorar a situação, alguns games estarão presentes em ambas as plataformas, como Plants vs. Zombies.
É claro que isso não vai incomodar o jogador hardcore que procura uma nova experiência. Contudo, é preciso lembrar que o mercado também precisa desse público casual e o sucesso do PlayStation Vita só acontecerá caso haja uma aceitação por parte desse tipo de consumidor.
Como reverter a situação?
Ainda é cedo para dizer se essas razões vão definir o fracasso do PlayStation Vita ou se o público vai ignorar essas questões e fazer com que as vendas explodam em 2012. De uma forma ou de outra, esses são apenas alguns aspectos questionáveis do novo console, e a Sony terá que ficar muito atenta a tudo isso caso não queira correr atrás do prejuízo no segundo semestre.

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